segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Abrindo os cadernos


Abrindo os cadernos
- Senta aqui um minutinho. Serei breve e imediato. Você só precisa de carinho. O médico te passou o remédio errado...
- Mas é que eu ando tão sozinha. Sem vontade de nada fazer...
- Senta aqui! Só um minutinho. Prometo que você não vai se arrepender...
- Mas é que me ensinaram desse jeitinho. O meu certo, é o errado para você.
- Não, não tenha medo, nem um pouquinho. Só por tentar você já começou a ser...
- Ser o quê?
- Mais viva, atenta. A ouvir a experiência divina que é viver. A gente cresce como os ramos da plantinha. E dá flor nos momentos de alegria.
- Você e suas figuras de linguagem. Por isso tanta poesia.
- Não sei o motivo. Mas é que a vida é tão pequenina. Eu não quero passar sem mexer...
- Mexer com o quê?
- Com a intensidade da luz em suas retinas, com a possibilidade de trocar a sua tristeza pela mais vívida alegria...
- Você distribui remédios?
- Eu me medico quando você sorri. Quando existe a reunião do ouvido com a boca, quando a palavra encontra a folha...
- Não à toa, faltam papéis para você escrever...
- Que nada... Ainda tenho as paredes...

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