sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Da escola de onde eu vim

Da escola de onde eu vim
Que me perdoem os insensíveis
Mas ser professor é descobrir-se mais
Porque gente não vem com manual de instruções
E por mais que a gente tente
Custa mesmo desbravar

Se um desses pequenos
Vierem a me perguntar
Com o par de olhos míopes que tenho
Haverei de confessar
"Seja professor! Vale a pena arriscar!"
Precisamos desses que nos querem
Que querem mesmo tentar
Veja bem, não é uma visão confusa!
Algumas coisas o par de lentes não repara!

É dessa escola que eu vim
Edifiquei-me lá
Vivi os anseios e desejos do Rafa
Na luta dos meus pais em abrirem as portas
Se eu acredito em algo que justifique a minha existência
Esse algo está dentro de uma sala de aula

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Produto perecível

Produto perecível
Para que chorar toda essa tristeza
Que, de tão grande, não cabe mais em você?
Somos todos perecíveis
A hora chega
E você nem vai saber

Tenho cá minhas certezas
Precisamos delas para viver
Somos produtos mesmo nessa prateleira
Nosso lote não é para sempre

Então, extravase!
Suje a mesa
Faça acontecer
Tire a tampa em frente à terapeuta
Esparrame-se pra valer

Ninguém fica com o pote
Só note que eu também não ficarei
Somos mesmo perecíveis, minha princesa
Para viver
É necessário acontecer!
... Já disse hoje que eu amo você?

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Manhã de sábado

Manhã de sábado
Sou dotado de muitas patologias. E quem não o é? Nessa sequência de heresias, viver é, por si só, poesia. Ventre de mulher.
Amanhã, Juliana, vai ter pão de padaria. Café, e nós dois assim, felizes. Verso escrito. O café esquenta meus verbos! Sou seu caderno, minha mulher lapiseira. E toda a canseira, vira um festival de alegorias. Pão pela manhã é poesia. No calor das suas pupilas, a perseguir os olhos meus. Minha metade mais linda. Meu inteiro que aconteceu. Você é o pão quentinho das manhãs, a receber manteiga derretida... Tão eu!
Amanhã é sábado. E eu vou te costurar no pijama que eu insisto em tirar. Quero me vestir de você. Pães sobre a mesa, a servir sutilezas. As mãos a dividir os talheres, e meu Y intimida-se diante de um X que tenho e não nego. E tanto mais sincero! Sou seu gosto de quero. Hoje, amanhã, pra sempre! Eterno! Minha alegria, fantasia que não quero tirar. Amanhã é manhã de sábado.
Logo mais, vamos almoçar.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Abraço, meus braços

Abraço, meus braços
Não posso chorar
Se eu não sentir também
Eu quero mesmo é perguntar
Se você está bem
Porque a vida tem dessas coisas
Viver é se sentir alguém

Eu ando pelos olhos dos meus amigos
É lá que procuro abrigo
Onde eu me encontrei
E eles se molham comigo
Porque a vida tem mesmo dessas coisas
A gente pode ir muito além

Eu só tenho mesmo os meus braços
E uma porção de abraços
Que eu nem sei se caberão nesse pedaço
De papel que eu arranjei
Porque a vida,
a vida tem mesmo dessas coisas
Dessas coisas...

E isso eu sei

terça-feira, 12 de setembro de 2017

A noivar

A noivar
Minha alma é badalo
E eu não me calo
Nem quando em silêncio
Porque faço da palavra escrita
Meu balbuciar pensamentos
Eu escrevo mesmo com essas tintas
A culpa faz parte dos sentimentos
Minha alma é menina
Esperando o dia do casamento

domingo, 10 de setembro de 2017

Dona Tristeza

Dona Tristeza
Respeito a tristeza
Pois ela é dona de notória reverberação
Fala pouco
E diz tanto
Dessas coisas que saem do papel
E caem para dentro do coração

Dona Tristeza nasce com a gente
Para que a alegria venha nos visitar
Habita na rua do verso bem escrito
Na casa que só faz rimar
No número infinito
Jardim de letras

Quem escreve
Sabe e não nega
A poesia é terra
Onde a tristeza faz questão de morar
Eu moro e morro nela
Sem medo de chorar

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Sinais abertos

Sinais abertos
Nem de perto
A gente sabe o que vai ser
Nascer é sinal aberto
Andar é viver
Eu não conduzo esses anseios
O medo também é passageiro
Quiçá eu chegar inteiro
E esperar o sinal fechar
A rua das minhas lembranças
É onde habita a minha casa
Onde quem me viu
Irá morar

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Olhando para baixo

Olhando para baixo
Sou liberto
Você é que não entende
Para mim, não existe o certo
Muito menos o depende
Sou risco no seu caderno
De quem a angústia descende
O tempo é reflexo
Sou o resto
Você é que não entende
É essa matéria
A palavra transcende
Sou protesto
De um medo que vem
E de repente...