terça-feira, 16 de maio de 2017

Avós-meninas-bailarinas

Avós-meninas-bailarinas...
Penso que as minhas avós, logo que no Céu foram morar, sem muitas delongas e devaneios, devem ter tratado de perguntar:
"E os meus? Onde estão? Eu os quero reencontrar..."
E pegaram nas mãos do tempo que não se mede. E perguntaram sobre o Pai Celestial. Dimensionaram o que de cima se mostra pequeno, mas é gigante! Surreal! Quiseram voltar?
E se bem conheço a avó Virgínia, e o seu cheiro de rosas, sua pele de menina, se bem a conheço, ela pediu guarida nos braços do Pai. E pediu que a vida transbordasse e fosse mais. E que, para aqueles que ela orou, para os nomes que a nossa cultura ensinou, para esses, houvesse a possibilidade dela perguntar coisas que eu, menino, na barra da sua saia, perguntei, e ela não soube explicar. Eis aí a questão mais angustiante:
"A vida termina com a morte ou só se faz aumentar?"
E a avó Sunta, na reunião de árvores e frutos, no rancho da eternidade, buscou morada para os dias sem dimensão. E, se bem a conheço, fez da resposta, um sorriso. Da alegria, perdão! E hasteou, entre as nuvens do infinito, uma bandeira, a bandeira do Timão. E perguntou, com o desejo mais sublime e vívido
"E os meus filhos, netos e bisnetos? Como ficarão?"
Eu escrevo cartas para o infinito. Não espero resposta. Deus me deu mãos sem juízo. Canetas tortas. É um devaneio tudo isso. Haverei de ir um dia também.
Hoje o dia está tão bonito.
"Sunta e Gina, vocês estão bem?"

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