sexta-feira, 23 de junho de 2017

Nós para gente

Nós para gente
Não escreverás carta alguma
Nem se lembrará de quais são os números
Nada que possa indicar,
mesmo que por um segundo
O desenho das suas mãos

Não são juras
Não é isso!
É que, desnaturado e absoluto,
Olvidaras o que é o perdão

De cá e de lá
Tanto quanto mudo
E, se muito foi,
Pouco terá sobrado, então
Como a espécie de um fio curto
Que liga nada
A nenhuma estação

Do que serves,
pobre reduto
Reduzido até o chão?
Deduzo eu que, na vida,
A gente é risco curto
Como para a frase do mundo
Um travessão...

sábado, 3 de junho de 2017

Logo mais...

Logo mais...
Quando velhinho eu ficar
Velhinho o meu ser
Garanto que continuarei a brincar
Mesmo que o meu corpo
Já não mais acompanhe o querer

Da pele enrugada
Das porções de "ites"
Das feições cansadas
Ainda serei conduite
Da palavra que chega
Do verso que arrasta
Guardando, por certo
Uma certa graça

Olhe bem essa carcaça
Menino de mim
O tempo, é fato,
arregaça!
Mas alma continua novinha sim...

...Sou menino até o fim!