quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Caso eu suba

Caso eu suba
Papai do Céu
Não peço muitas coisas
Só coisas que eu sei que o Senhor pode dar
É que quando eu penso na hora da partida
Logo começo a me angustiar
Será que no céu vai ter música boa?
Será que Raulzito foi para lá?
Espero que também tenha ribeirões e passarinhos
Para que eu possa me deliciar
Nas corredeiras do destino
Que a vida nos faz trilhar
E que seja uma viagem de sonidos
Onde as nuvens sejam os poleiros
Do andar de cima

Veja bem,
Não peço muita coisa
Só mesmo o que eu sei que o Senhor pode dar
E se o papel não tiver acabado
Peço também para o Senhor anotar
Que no andar de cima tenha
Redes e prateleiras com livros
E uma corrente de contadores de estória
Que os repentistas alegrem aí também a vida
E que a minha companheira
Venha para junto comigo (na)morar...
E se sobrar mais alguma coisa bacana
Pode colocar como extra
Que eu não vou me importar...

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Intervalo

Intervalo
A gente desce para o parque
Não importa qual seja a feira
A porta da sala já está aberta
E se não estiver
A gente sai pela janela

E descortina
E desenclavinha
Faz parecer brincadeira
Viver é mesmo uma sequência de intervalos
Fazer festa
Viver canseira

Porque de respostas prontas
O mundo já está cheio
E eu quero encontrar outras
Novas propostas
Muitas delas bem gostosas
Guardadas dentro da minha lancheira...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Dezesseis de setembro

Dezesseis de setembro
O pai da gente
É da gente
Para depois ser no mundo
E no fundo
A gente escolhe o que ele pode ser
Pode virar astronauta
Super-herói
Artista de cinema
Mas pai
Ele sempre vai ser

É que há coisas
Que a gente nem percebe
Mas já está
Antes de a gente querer
Planeta que o nosso pai visita
Vilão que o nosso pai combate
Filme que encanta as vistas
Qualquer coisa que a gente desconhece
Ou finge que sabe
Porque pai
Pai tem dessas coisas
Pai faz até milagre 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Próximos dias

Próximos dias
Luzes de vagalumes
O céu coberto delas
Meus misteriosos costumes
Viver é desatar fivelas

Cheiro de eucalipto
O risco é levantar
Pés descalços para sentir o chão
Braços livres para abraçar

Asas de insetos
É tão incerto ser
O mistério se faz do resto
Do dia de hoje
Até o dia em que eu morrer...