Quando
o meu irmão chegou em casa
Era manhã de um mês de outubro ou novembro,
com céu azul e cheiro de esperança. E uma criança, enrolada nas cobertas e
cercada de amor, veio brincar conosco. Era o despertar da infância, transportada
na segurança dos braços e abraços, vigiada pelos olhos claros da minha mãe.
E a porta da Belina se abriu. E eu cheguei
para olhar. E a criança já existia em minha casa, muito antes de estar. E se
chama Rafael, e era a parte que faltava, o irmão mais novo que chegava, alguém
com quem eu poderia me sentar. E minha irmã também aguardava, carregando a Júlia
nos abraços. E os abraços eram tantos que se tornou impossível contar. E reuniu
outros traços, o gostoso exercício de recomeçar. Seja para Paulo, para Luis ou
para Lúcia, Rafael fez com que conseguíssemos perceber, sem nada nos cobrar, como
existir é infinito e lindo. Tão amplo e grande que nem a porta de uma Belina dá
conta de segurar.