quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Semente de girassol


Semente de girassol
Gira, gira,
gira veloz
Como a luz dos olhos seus
Quando encontram os meus
Gira, gira,
Como um planeta qualquer
E você nem imagina o que aconteceu
Foi tão de repente
Quase coisa nenhuma
E tudo muda
Hoje é mais
Mesmo que jamais seja a gente
Hoje é único
É diferente

Baile sobre as casas


Baile sobre as casas
Quando a chuva se esparramar
Pelos telhados das casas
E o vento levantar
Folhas e saias
E você me perguntar
Sobre o ano que vem
Eu irei me perder nas horas
Nas malas
E em um insistente “não sei”

Depois ligarei o rádio
Escutarei a previsão
E falarei sobre os astros
Sobre a minha mais nova aquisição
E me lembrarei dos pedaços
Para me ver
Como mais um pingo
Deslizando no telhado
E sumindo no meio da multidão






Imagem extraída do sítio http://fisofoliapura.blogspot.com.br/

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Frequências contemporâneas


Frequências contemporâneas
Antenas de rádio e TV
Em muitas casas e lugares
Em um céu espetado
Onde quase ninguém se vê
Onde dividir
Não significa compartilhar
São as torres do “não ser”
Projetando um “eu” difícil de explicar 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Quando o meu irmão chegou em casa


Quando o meu irmão chegou em casa
Era manhã de um mês de outubro ou novembro, com céu azul e cheiro de esperança. E uma criança, enrolada nas cobertas e cercada de amor, veio brincar conosco. Era o despertar da infância, transportada na segurança dos braços e abraços, vigiada pelos olhos claros da minha mãe.
E a porta da Belina se abriu. E eu cheguei para olhar. E a criança já existia em minha casa, muito antes de estar. E se chama Rafael, e era a parte que faltava, o irmão mais novo que chegava, alguém com quem eu poderia me sentar. E minha irmã também aguardava, carregando a Júlia nos abraços. E os abraços eram tantos que se tornou impossível contar. E reuniu outros traços, o gostoso exercício de recomeçar. Seja para Paulo, para Luis ou para Lúcia, Rafael fez com que conseguíssemos perceber, sem nada nos cobrar, como existir é infinito e lindo. Tão amplo e grande que nem a porta de uma Belina dá conta de segurar.  

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

No telhado


No telhado
Um dia eu subi no telhado de casa
E disse para minha mãe
“Aqui do alto é mais bonito”
E ela olhava
E pedia
“Desce daí, menino!
Você vai cair e se machucar”
E as telhas estalando
No encostar dos meus pés
Eu subi com o meu pai
Para desentupir a calha
E descobri
Que a minha mãe
É uma mulher de fé
Fé até demais!

Antes do último capítulo


Antes do último capítulo
Espremido
Entre a palavra e o pensamento
Em um sentimento
Difícil de explicar
Querendo brincar no quintal
Morando em um apartamento
Dando adeus
Mergulhado em uma vontade danada de ficar
Germinando na dialética de ser
Sem mesmo estar...