sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Rumo a lugar que desconheço


Rumo a lugar que desconheço
Olhe, veja!
São os últimos dias dessa semana
E logo vem um ano inteiro
E pratos cheios
Para celebrar novas possibilidades
E coisas ainda não resolvidas

E as casas cheias de luzes e vidas
E as crianças correm
Lembrando que,
de certa forma,
o ano já acabou
E então esperamos
Sentados em um
De tantos bancos
O horário do nosso voo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Repetição gostosa


Repetição gostosa
Da próxima vez
onde você vai estar?
Junto comigo?
Ou eu terei que te encontrar?
Meu passarinho
Viagem de férias
Fim dos desalinhos
Flores na primavera
Eu quero sempre rimar a vida com você


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Vento e chuva na minha janela


Vento e chuva na minha janela
E choveu tanto aquela noite
Tanto que parecia
Não sobrar mais nada
Além de água
E a água descia
Pelas ruas e calçadas
E silenciava
Vozes embargadas
Pelas cartas que a gente recebe
E abre quando chega em casa

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Esses dias


Esses dias
Pequeninos rompantes de alegria
Pendurados nas janelas das casas vizinhas
Hoje a gente conta estrelinhas
E dorme ouvindo a chuva
Caindo na rua,
Escorregando pelo céu
E finge que acredita
Que o xerife Woody existe mesmo
E que a gente espera o Papai Noel

Quase apagando as velas


Quase apagando as velas
Faltam algumas horas
Algumas horas e nada mais
Você já não é tão mais moço
Já não é mais rapaz
Logo, logo enruga o rosto
E o cabelo não cresce mais

Faltam alguns poucos volteios
De um ponteiro-cabelo que vai branqueando
Para o tempo não há rodeios
Viver é presente
Trinta e um só uma vez
E nunca mais

Pares de sapato da Dudu


Pares de sapato da Dudu
Pezinhos que mexem
E vão
Agora são de oncinhas
Dois pares
Mas já é uma coleção
Sandálias, chinelas
ou sapatilhas
O que importa,
minha princesinha
É que você calça o meu coração...


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Partidas


Partidas
Ida e vindas
Um dia a gente vai
E será tão mais digna
A oportunidade de fazer mais
Onde quer que a gente vá
E de passagem
A gente usa
A palavra amor

Folguedo Natalino


Folguedo Natalino
Bastiana,
Antônio e Tião
Todos eles reunidos
A cantar a mesma canção
E depois se juntam Maria
 Zé, Ana e João
Em volta da mesa
E as crianças brincam
Sentadas no chão
E o tempo recomenda
“Todos juntos, dando as mãos”

















Imagem extraída do sítio g1.globo.com

Rua Tomaso Tomé, 19:05

Rua Tomaso Tomé, 19:05
Por entre os prédios e viadutos
Entre os muros de tantos
Que eu nem sei
Choveu!
Foi isso!
Foi Deus quem fez

Um risco multicolorido
O arco divino
Nascendo atrás das casas
De Marias, Antonias, Franciscos
E deslizando
Soberbo, silencioso
Rumo ao infinito

Meu musical


Meu musical
Tambores me batem!
Que saudade danada de você
Meu coração
No batuque dos atabaques
Hoje eu quero lhe ver

Flautas que adoçam a manhã
Em um concurso de repentes apaixonados
E meu coração
Num abre e fecha sanfonado
Cifra minha
Quero ser seu namorado

E dos revolteios do pandeiro
Dedilhando tais possibilidades
Risquei esses versos ligeiros
Pedindo no fim
Reciprocidade... 

Próximo capítulo


Próximo capítulo
Papéis voando
Estações do ano
Meu aniversário chegando
E a mala já arrumada

Papéis picotados
Janeiros mais limpos
Desenhos inacabados
Céu bonito

Tão pouco falta
Não desafine a melodia
Depois tudo vira risada
Guardado em um passado infinito

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Conversa com seu Estácio


Conversa com seu Estácio
Eu me sentei nas cadeiras da frente. E já sabia o nome dele. E sabia que a mãe morava na Grécia. E que ele falava uma vez por mês com ela, usando uma das muitas ferramentas tecnológicas que temos hoje. E ele se emocionou. E perguntou:
- Como você se lembra de tanta coisa?
E eu disse...
- Por que eu haveria de esquecer?
O mundo é dessas lembranças. Das conversas que temos quando estamos esperando o ônibus no mesmo ponto. Quando começamos a falar de algo no noticiário, do que achamos que precisa melhorar. E do que já está pronto. Quando abrimos um sorriso e pedimos acalanto. Quando fazemos porque acreditamos que é lindo. Quando amamos uns aos outros. E apesar de parecer tão pouco, é tanto. Tanto... É lindo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Paixões entre os 16 e 19 anos


Paixões entre os 16 e 19 anos
Casa sem porta
Pergunta sem resposta
E você nem nota
O que eu fiz prá você
Engruvinha e dá volta
Finge mesmo não entender
Como linha enrolada
Nó que não desata
E mesmo assim
Eu só penso em você

Trancas e cadeados


Trancas e cadeados
Meu “muito obrigado”
O espetáculo já acabou
Saiu a lista dos culpados
E meu nome não entrou
É como a chave do cadeado
Quem foi que encontrou?
Deus perdoa sempre os nossos pecados
Principalmente quando a gente erra por amor...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Logo adiante


Logo adiante
- Na próxima curva, pai! É lá que tem peixe.
  E o cheiro da grama verde, exalado pelo pisar dos nossos passos. Não há cadarços e a linha não vai dar nó. Seu Dito traz novidades do pasto e do bezerro que quer nascer. E eu olho os teus braços e me pergunto por que não pescamos mais vezes, tantas vezes nós queiramos. E o ribeirão corre silencioso. E o tempo nos faz crer. Os desatinos e desafios... O que irá acontecer?
- Ainda hoje vai chover.
E a fogueira que eu fiz com o Enzo, juntando gravetos e papel velho. E o fósforo riscado e apagado pelo vento. E o calor que conforta. Faz frio, mas não é inverno.
- Não, filho. O peixe está aqui. Na água corrente.
E lá na frente irei pescar com mais alguém. E o tempo irá perguntar quantas linhas nós amarramos entre nós. E então recomeçamos a lembrar do peixe que escapou. E, em um jogral de metáforas, lembramos que a linha uniu o que o mundo dos adultos separou. Aqui, onde eu moro, não tem rio que dê peixe, nem na curva e nem na água corrente. Por isso, quando eu volto, faço a vara, desço o morro, mesmo que eu não pesque nada, já me sinto tão contente.   

Quinta-feira, 22 de novembro, 14:39


Quinta-feira, 22 de novembro, 14:39
Quero acordar com o barulho da chuva
Lembrar-me da tia Maria
E da chácara onde ela morava

Quero pintar panos de prato
Ao lado da minha avó Virgínia
E colecionar retratos

Quero viver poesias
Na demagogia
de uma tarde de solidão
Colocar o desenho na moldura
E entregar em suas mãos 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Conclusões


Conclusões
Algumas coisas são o que são. E estão no mundo antes da gente nascer. É que a gente só começa a enxergar o mundo depois que a gente começa a entender, a enxergar o reflexo no espelho e ver o fundo. Quando a gente começa a perceber que é gente. Mas há coisas, tantas, que já estão no mundo antes mesmo da gente ser. Estão, e por mais que queiramos, fogem a nossa compreensão, nos restando apenas aceitar, quiçá entender.
Então você se pergunta por que a reza precisa ser o barulho reverberado na entrada do túnel, atravessando a estação? Por que a dor ganha o pélago profundo quando está em nós e não mais apenas no outro? E por que há canetas que escrevem sentenças e outras poemas? Há coisas muito além dos anos que passamos aqui, e que nossos avós e os pais deles viram e quiseram nos contar. E há coisas que eles viram e não contaram, e nem por isso deixam de estar. As narrativas parecem centelhas do tempo na existência cíclica da vida. O tempo como o chiado neste silêncio-planeta, onde desfilamos nossas canetas em folhas já há tanto rascunhadas e preenchidas. E não há borrachas que consigam apagar as mãos e pés de tantas letras que desfilaram alegrias, sonhos, frustrações e tristezas. São coisas que já estão no mundo, não importando a nossa presença. Estão como pano de fundo, não importa o que aconteça. E as vírgulas escancaram incertezas. E eu me sento e escrevo coisas que estalam na minha cabeça. E penso: há coisas que são o que são. Pronto. E nada faz com que o tempo esqueça. 

Próxima partida


Próxima partida
Amor
Olhe a cor da sua camisa
O sonho que você acabou de inventar
O trem já está de partida
Todos se levantam
Amanhã talvez eu volte
Eu sei que eu vou voltar
E desfilarei
Pelas ruas e avenidas
Em colóquios e seminários
Com um “eu” tão seu
Que só você saberá
Onde encontrar

Coisas que a gente pensa


Coisas que a gente pensa
para o meu irmão, que escreve tanto ou mais do que eu.
Depois de ter lavado toda a louça, guardado o que estava fora do lugar, pensei sobre essa coisa estranha que é escrever, sem ter hora e nem lugar. Do exercício de sentar e exercer as infinitas possibilidades que um papel, uma caneta e situações muitas podem ofertar.  
E logo de início, lembrei-me do fato de que muitas pessoas me pedem para escrever. Escrever coisas que elas falam, mas que gostariam mesmo de ler. Não que esteja fazendo um simples plágio, até porque o que há de mais original do que transformar letra cantada em palavra que os olhos podem beber? E não precisa ser frase completa, nem já ter início, meio e fim. Basta uma reta, grafite e o espaço branco da folha todo para mim.
E depois conclui que a minha mãe e meu pai pouco ou nada pediram para eu escrever. Eles me leem antes da letra escrita. Eles conhecem os verbos que transitam na minha vida. São os sujeitos, ocultos algumas vezes, nos textos que publico em jornais, blogs e revistas. E, certamente, sabem que muitas das frases são ideias repetidas. Mas são frases minhas e de tantas outras vidas.
E então, quase que sem querer, perguntei-me quantas e quantas vezes irei escrever sobre as coisas que as pessoas pedem para eu escrever, sobre as coisas que as pessoas gostam ou não de (me) dizer. E lembrei-me da frase que a Marilice me disse, da questão que a Liane me trouxe, dos textos que guardei e entreguei para a Salete. Das coisas que o Seu Osvaldo quis colocar no jornal, da carta que entreguei ao Jurandyr e ele guardou com os documentos. E por um momento, neste momento, percebi: eu escrevo para um mundo de tantos outros que é impossível serem tão poucos. Eu escrevo para abraçar crianças, meninos, senhoras, senhores, moças e moços. Para aumentar o tamanho dos meus braços. Para expandir o sorriso no meu rosto. Eu escrevo. E pronto!


domingo, 18 de novembro de 2012

Café frio


Café frio
Hoje é dia de silêncio
Olhos abertos na madrugada
Hoje é parada
Antítese do movimento
Hoje é nada

Hoje é dia de frio e vento
Metade que não se encaixa
Hoje é dia do rompimento
De vozes embargadas

Hoje é dia de louça suja
Poeira debaixo do tapete
Hoje é o cansaço estampado na cara
Hoje a minha cabeça fez piquete

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Olhando o horizonte da janela do apartamento


Olhando o horizonte da janela do apartamento
A beleza está aí!
Você consegue ver?
Bem diante dos seus olhos
Tudo isso que está
diante de você

E qual é o nome disso tudo?
Tanto tudo
que eu nem sei ver

É o infinito e o mundo
Uma linha no horizonte
O adiante
E o que pode ser
É o que se chama
de passado, presente
e futuro
O tempo,
conjugado pelo verbo viver

Então tudo
é isso tudo?
Não tem nada
que não possa ser?

Não!
Porque isso tudo
é o altruísmo elevado ao absurdo
É o amor divino
A manifestação mais digna
deste presente
que a gente carrega com a gente
Chamado vida
... E quem disse que termina
quando a gente morrer?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Por entre os móveis da sala


Por entre os móveis da sala
As duas mãos para frente
Em um passo além do presente
Discursando sobre o amanhã
E o amanhã
Na frente da gente

Tão de repente
E de repente sem você
Em um devaneio de contas não pagas
E de tantas coisas
Que a gente se esquece de dizer

Em um desfile
De aventais e pratos pela casa
E as crianças brincando de crescer
Repetindo as mesmas piadas
A mesma vontade de ser

E tudo fica tão perto
Mesmo sendo tão distante
E a gente sente saudades
De gente como a gente...

Finais de ano


Finais de ano
“A alegria evita mil males e prolonga a vida.”
William Shakespeare
Então, eles se levantam. E gritam: “valeu a pena”. E você pensa: “e por que não valeria?”. Afinal, viver é colecionar alegrias, rir das ironias, tentar entender como aquele pequeno objeto foi cair bem no ralo da pia. E olha a aguaceira que ficou! Entupiu tudo.
E diante das inconstâncias, das inúmeras circunstâncias, as pessoas chegam, ficam e partem. O mundo dos teatros, dos palcos que entramos, estrelamos e se quer imaginamos. Retratos de um dia, captados pela câmera de segurança do elevador. Mas a essência fica conosco. A essência se chama amor.
E isso, ninguém nos tira!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Uma do final do caderno


Uma do final do caderno
Não conjugo verbo sozinho
Quero ser primeira pessoa do plural com você
Não sou de transitivos indiretos
Eu transito pelas inúmeras possibilidades
Que uma folha branca nos dá
No exercício de escrever
Um irresistível convite
A folha parece que grita
“Vem me preencher”

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Juramento


Juramento
Amanhã bem cedinho
Quando começar a amanhecer
Quando a revoada dos passarinhos
Passarem por cima dos telhados
E descansarem
Nas antenas de TV

Amanhã
Bem de manhã cedinho
Antes mesmo de acontecer
Como o primeiro abrir os olhinhos
E dormir mais um pouquinho
Antes mesmo de ser

Amanhã
Bem de manhã cedinho
Em uma mesa 
Com coisas gostosas para comer e beber
Estará lá
Vai estar
Um bilhetinho
Escrito
“Amo tanto você”

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Inquietude


Inquietude
Vou caçoar das minhas imperfeições,
Sentir-me normal e esquisito.
Vou dialogar com o infinito
e ficar de cócoras para as situações.
E quando já se aproximarem,
 na correnteza dos dias,
as auroras e os clarões
vou fechar as cortinas
e desfilar meus palavrões

Depois de hoje


Depois de hoje
A incredulidade
É um destempero
Que anda a me temperar
Desde a ausência do barulho
Da porta que não se abre mais
Até os olhos de tantos
Que não querem mais enxergar
Eu me pergunto
Falta quanta para acabar? 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Para o Rodrigo


Para o Rodrigo
As cortinas se fecham
Em um silêncio profundo
E perturbador
Tanta dor
E o silêncio da porta
Que não vai mais se abrir
Eu procuro respostas
Meu amigo,
eu ainda moro aqui

sábado, 27 de outubro de 2012

No aeroporto

No aeroporto
Fael, haverá um dia em que saberei escrever as minhas melhores aventuras com você!
Então, publicarei um livro. 

A bola está murcha. Quem vai encher dessa vez? É como se não tivesse mais ninguém na rua. É como se fosse a última, mesmo sendo a primeira vez. Olhe, não quero ver você assim. Sorria, sorria para mim. Meus braços estão aqui. Dê-me um abraço antes de partir. Feche esse livro, me conte do seu novo trabalho. Sou o seu amigo. E sei que algo está errado.
Não quero falar. É meu e de mais ninguém. É franco, sem simulações. Ficou difícil esconder de alguém. Quero uma turma de amigos, uma companheira para namorar. Quero sair também dos trilhos. Ser jovem antes de me cansar.
É claro que tudo será resolvido. Logo, logo. Você verá. Os temporais terminam, alvoradas irão chegar. Troque de lugar comigo. Eu quero dividir o seu mal estar.
É impossível. Está comigo. E tem coisas que nem a mãe da gente consegue solucionar.
Então, abra um sorriso. Logo, logo o avião vai decolar. Vamos encher a bola juntos. Vamos jogar.
Não quero. Prefiro ficar mudo. O silêncio e a consciência são irmãos do desconforto da alma?
Não mastiga a sua culpa. Se é que ela existe, vamos compartilhar. 
  Melhor partir para outra pergunta. Os meus olhos estão mais envelhecidos. A última foto só fez revelar.
Hoje eu chorei de culpa. Como eu posso te ajudar? Troca de lugar comigo. Eu quero aprender a andar com as suas pernas. E tropeçarei nas minhas desculpas, nesse orgulho que eu adoro carregar. E depois que tudo ficar água limpa, saberei como te ajudar.
Tchau, agora eu vou viajar.  

Banco de praça


Banco de praça
- Qual é mesmo a sua graça? Quer dizer, seu nome?
E daí a gente começava a prosear, sentados em um banco de praça, sem hora para ir embora, deixando o dia ficar. Ficar comprido, como o arco-íris lá no céu. E assuntávamos sobre o mundão das coisas grandes. E das pequenas também, daquelas que cabem em um pedaço de papel.
- Quantos anos você tem?
E daí, no vai e vem das pessoas nas ruas, comentávamos das aventuras que ainda gostaríamos de realizar, daquele lugar que a gente viu na TV e quer muito visitar. E depois assuntávamos sobre as músicas que os nossos rádios não param de tocar. E abraçávamos com ternura as certezas e os amores que gostamos de carregar. E, de um conforto de colo de mãe, riamos por estar.
- E amanhã, do que a gente vai conversar?
E deixávamos o assunto para o próximo banco decidir. Porque ninguém está aqui para ficar só de ouvinte. A gente gosta de falar. Dividir o nosso mundo. E é tão gostoso quando tem mais alguém para escutar. A gente encomprida o assunto, incorpora a voz, faz cara de coisa séria, e começa a desfilar. E surgem perguntas, parece que a coisa toda realmente é importante. E daí, a gente se pergunta: quantas foram as vezes que sentamos e experimentamos se sentar e ouvir mais um instante?
- Foi um prazer ouvir você falar.
E amanhã, talvez nesse mesmo momento, mesmo que seja por um instante, haverá uma espécie de cumprimento, tão fraterno quanto o enroscar das mãos da gente.
- Sabia que você me faz ficar contente?

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Quem sabe um dia...


Quem sabe um dia...
Levitando pela sala
Caminhando pelos horizontes
Podendo usar saias
Não tendo medo
De parecer pedante

Comendo pelas beiradas
Usando o que só julga importante
Podendo guardar sapatos
E calçar sandálias
E abraçar quem aparecer na frente

Quem sabe um dia...
Talvez, quem sabe?
Tudo então será tão intenso
Quanto um instante... 

Acalmia


Acalmia
Todo mundo
Tem uma tia chamada Maria
E uma vontade doida de voar
Somos tão parecidos
A ciência
Nem precisa nos clonar

Todo mundo gosta
De subir no degrau mais alto
De desfilar seus sucessos
Mesmo que só esbravejem protestos
Prá que ser modesto
Quando tem
Tanta gente que acredita
Naquilo que a gente adora alardear?

Tesouro meu


Tesouro meu
Tesouro meu
Carnaval fora de época
Desalinho das minhas certezas
Desmonte das coisas concretas
Que hora você volta para casa?
A porta está aberta

Tem um bolo sobre a mesa
O suco na geladeira
Não seja tão discreta
Faça barulho prá eu escutar
Aí, me levanto
E corro para te abraçar

Tesouro meu
Quando é que você vai chegar?
Eu destranquei as pieguices
Escancarei meus desejos
E, no segredo dos dias
Só quero ver você voltar

Tem um recheio de beijos e abraços
Meus passos
Na direção dos seus
Tesouro meu
A que horas você vai voltar?