Pedaço-Todo
de mim
Logo chega outubro. E fará um ano que você partiu. E o
silêncio de uma das casas da rua de todos nós nos dá a certeza de que você
existiu. Minha vovó!
Faz alguns dias que eu sonhei com você. E eu nem me
lembro bem. Mas era algo de grandioso. Como a vida o é! Vida essa que toca as
baladas de um tempo que não recua. Só se adianta. E faz a saudade se agigantar.
Não me tome como um incômodo. Eu só queria te visitar. Mais uma vez!
E sentar ao seu lado. E pegar na sua mão. E dar aqueles
beijos molhados, ver a senhora sorrir. E comer do seu lanche. Se esbaldar com o
seu macarrão. E, mesmo que por um instante, driblar o destino, abusar da
decisão. Decisão que não é nossa, mas que nos acompanha.
Hoje, vó, eu
passei a tarde de pijama. Que a minha esposa não me escute, mas vou fazer isso
outras vezes. Porque assim eu vou me lembrar da meninice que se veste nos dias
de rancho, na beira do rio. Descendo pelo barranco. Sendo você!
Hoje eu me sentei diante de tudo que me faz ser e
continuar. E fiquei com uma baita vontade de ir até a janela e gritar:
"SUUUUUUUUUUUUUUUNTA". Assim, quem sabe você me escuta enquanto eu
desenho e invento no silêncio meu e da Carlota?
Logo mais eu me ajeito. Logo mais vou me ajeitar. Hoje o
lenço é o travesseiro. Hoje eu só quero te abraçar...
Cada pedaço de mim é alguém que eu amo muito! Você
consegue me escutar?
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