segunda-feira, 29 de outubro de 2018
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
sábado, 15 de setembro de 2018
Meus dis(cursos)
Um
rio corre em mim
Rio
bravio
Que
arrasta e afoga
Uma
porção de mágoas
Que
ainda não chegaram
Ao
delta dos meus olhos
Queria
ser tão mais simples
E que
o silêncio
Não
fosse transitório
Mas
sou esse rio de águas turvas e barrentas
Onde
as margens são tortas e sinuosas
Onde
a poesia
Desse
húmus se alimenta...
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
La gauche
Com a mão esquerda agora eu escrevo
Bem dizer, o que eu faço é teclar
Bem dizer, o que eu faço é teclar
É a cabeça que está um sacolejo
E a mão direita nem pode riscar
Essa dicotomia coça tudo em mim
Quase um delirar
A tala está na mão direita
As asas, na cabeça
A declamar uma sentença
"bem deseja ser peixe quem não sabe nadar"
Mas, se pensas que foge de mim
Que espezinha a cabeça
Carente de uma mão a acompanhar
Saiba, palavra escrita
Escrever para mim
É respiração
Impossível parar!
sexta-feira, 29 de junho de 2018
Ao escrever
Passarás
tanto tempo
Sem
ao menos tentar escrever?
Não
se esqueça de que palavras são asas
E ao
chão
Você
nunca soube pertencer
Então,
escreva Pedro!
Mesmo
que seja sem querer
Porque
quando a gente escreve
A
gente esquece até de sofrer...
sexta-feira, 13 de abril de 2018
Libertatem scribam!
As
palavras são muito mais
Muito
mais do que junções de letras
Ai
de mim
Astronauta
grafite
Desbravando
papéis-planetas
Faço
delas, as palavras,
uma
coleção de aventuras
Edifico-me
pelos versos
Para
mim,
Escrever
é um ato de soltura
Asas
abertas
Liberta!
A
alma no tempo
A
ideia que estava na cabeça
Uma
justa limpeza por dentro
Eis
minha nave-caneta
terça-feira, 3 de abril de 2018
Por isso, passarinho!
Vivo
onde o petróleo queima
Onde
é mais difícil escrever um poema
Onde
o dilema se dá depois que a chuva cai
"A
gente sai ou não sai?"
Por
isso, passarinho!
Vivo
nessa confusa confluência
De
pessoas que estão sem estar
Uma
ingrata dependência
Que
me permite adorar reclamar
E
por isso, eu passarinho!
Chego
a me tomar como um ermitão
Que
de pijama se queixa
Quando,
após o estrondo,
Vem
o apagão
E
por isso tudo, eu passarinho!
E já
quase arrependido
Decíduo
lápis em minhas mãos
No
meio de carros e edifícios
Antenas
de rádio e televisão
Avisto
e sorrio
Passarinho
Por
isso, passarinho
Arranco-me
do chão
sexta-feira, 23 de março de 2018
Ego hyperbole!
Mansidão
Pedacinho
de chão
Seu
colo mais eu
Em
um tempo de Narcisos
Quero
morrer sendo seu Orfeu
Bazalquianas
as minhas lembranças
Fazendo
seresta para receber seu corpo
De
tudo um pouco
Nada
fica no lugar
Quero
mesmo é ser seu Orfeu
Tristão
e Isolda
A
namorar
Ando
literato, isso é fato
Não
tenho nem como esconder
Sou
Fabiano, bicho do mato
Quando
não a tenho para olhar
O
resto é retrato
A
gente figura melhor
Em
um tempo de ingratos
Agradeço
aos deuses por você estar
sexta-feira, 16 de março de 2018
Cheiro de goiaba
Os caminhos que percorro são como letras de um texto que
parece ter sido escrito há tempos. Visito os verbos, rearrumo o sujeito, e nem
por isso é pretérito. Nem mais do que perfeito. É a vida. E a vida tem cheiro.
Hoje os meus passos me levaram ao encontro de um cheiro
tão meu, da minha meninice, do tempo em que o verde era espaço e não pedaço. Onde
o quintal era extensão, não ilusão. Em uma confusão de ontem e hoje, goiabas
nos galhos das árvores e no chão. Em meio ao chiado do trem, o ronronar das
feras de metal, como se um pote da geleia mais gostosa que alguém poderia ter
feito estivesse aberto. E tão perto! Eu quis escrever!
Todo jardim é um manifesto, pedaço de sonho em um mundo
concreto. As árvores são beatas certezas diante de uma constante crueza. De um
mundo que se acinzenta, das pessoas que se esquecem de que a gente é fruta na
árvore, esperando o dia da colheita.
E aquele cheiro quase que me fez chorar. Porque ninguém
tem compromisso em ver que entre a grade e o trem, o trabalho e o asfalto,
existe um pedaço que grita... Grita e cheira: vida!
Se bem pudesse, tomaria o cheiro para mim. Guardaria como
uma moeda da sorte. Em meio a esse concreto morte, pedaço verde apareceu. E as
árvores todas cheias de cor e cheiro, de fruta, outrora flor. É, Deus existe
sim. E aparece nos pedaços onde o orar é silêncio. O ciclo delicioso. Do
rebento broto, do fruto, do gosto. Adiante tem a estação!
E a fruta cai no chão. E o pássaro come. E a minha
saudade mata a fome do quintal da casa dos meus pais. E das ruas por onde
normalmente não ando mais. E no meio desses milhões, encontrei um pedaço que é
mais. Meu demais.
Um cheiro que molha a boca da memória. Que me faz reviver
histórias. Que me faz lembrar que a gente também é fruta nessa vida. E que as
sementes dessas glórias, tomadas nos percalços de um mundo inodoro, são como
encontros de uma história que é divina por estar no seu estado mais simplório.
Desses pés que se ajeitam e nos lembram, mesmo que por um
momento, que a gente pode até ser outro alguém. Mas sempre seremos aquilo que
nos faz bem.
Sempre!
sexta-feira, 2 de março de 2018
Julianar
Até
de pijama
Você
fica beleza
Sem
ele...
Leveza
Ah
esse seu cheiro
Eu
me esmero
Em
ser seu beija-flor
Vou
levar meu travesseiro
Pra
junto do seu calor
Que
caiam todos os meus cabelos
Minha
cabeça é espaço seu
Vejam
todas essas palavras
Foi
meu doido desejo quem escreveu...
quinta-feira, 1 de março de 2018
Para as minhas avós
Sonhei
com você
De
olhos abertos
E a
tive tão perto
Que
quase cheguei a abraçar
Como
se os braços fossem laços
E a
lembrança fosse se materializar
Estranha
mesmo essa existência
Onde
a gente aprende a se acostumar
Viver
é, por si só,
A
experiência
De
escrever em uma folha
Que
o tempo insiste em apagar
Sorte
que há tintas que marcam e ficam
Que
nem mesmo o enxague temporal
Consegue
levar...
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
Às vezes eu me esqueço
Nem
sei bem por onde eu começo
Ando
tão urbanóide
Que
logo padeço
Tenho
mesmo que devanear
Admitir,
confessar
Que
às vezes eu me esqueço
Sorte
que vem você pra me lembrar
Que
a gente é momento
Palavras
que passam no Livro Terra
Uma
leitura que não pode parar
Às
vezes eu me esqueço
Hoje
eu me pus a lembrar
E
chorei
Eu
confesso
Porque
eu só queria mesmo
É ir
te visitar
Mas
daí
Eu me
lembro
Que
você não está
No
lugar que sempre eu me acostumei chegar
Tocar
a campainha
Pedir
um abraço
E
começar a conversar
É,
vó...
Às
vezes eu me esqueço
Que
a gente tem mesmo só um endereço
Um mesmo
lugar para morar
Vai
ver que a gente é como a ideia de uma poesia
A
gente vive
No
lugar que o outro guardou para a gente morar
Para
sempre...
Você
mora em mim
Em
todo o lugar
Vovó Sunta!
sábado, 17 de fevereiro de 2018
Mãos soltas
Dê-me
papel e caneta
E
uma porção de planetas
Que
hoje eu vou escrever
Escrever
todas as letras
E
criar, mesmo sem saber!
Quero
mesmo é ser cometa
Passar
pelo Universo papel
Errante
sineta
Tenho
alma de menestrel...
Passarinho
Da
janela do meu ninho
No
meio dessas árvores de concreto
Perco-me,
é certo!
Quando
vejo um passarinho
Que
voa, destemido
Nesse
céu que parece um deserto
A
gente é chão
Acobertados
pelo manto azul
Nas
linhas nuvens brancas
Quero
voar para lugar nenhum
E
como eu não voo, eu escrevo!
E escrever
é colocar-se nu
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