quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Cheiro de infância

Cheiro de infância
Menina não adoça
O café que eu fiz
O gosto é esse mesmo
O gostoso é ser feliz
O resto é pão e manteiga
E uma porção de meninice

Eu cresci com os pés sujos de terra
Para deixar a minha alma criar raiz
Lembrar-se do gosto do barro
Lembrar, escrever,
ser feliz.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Verbetes

Verbetes
Se cresce...
É porque o tempo é maior
Se nasce...
É porque a vida quis
E se vive...
É para ser feliz!

Dedo de prosa

Dedo de prosa
Junte alguns copos vazios
Os faça encher
Adicione uma dose de lirismo
Para falar de coisas
Que a gente finge entender
Sente e discuta política
E qual a melhor receita
Para fazer o país crescer

Na mesma toada
Sem mudar letra e cabeçalho
Se vista do agasalho do bem querer
E abrace os de perto
Para que os de longe
Já consigam perceber

E depois...
Depois a gente desconversa
Descompromissa
Finge desconhecer
Mas sabe
Na miudeza da retina
A beleza 
A grandiosidade de ter
Amigos
Amigos como você...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Com o giz na mão

Com o giz na mão
Ser da parede o concreto
O tijolo que não desaba
A vontade que não acaba
Ser vontade de mãe

Ser do riso o improviso
O rabisco na folha amassada
Piada sem graça
E mesmo assim
Todo mundo dá risada

E ser o nada
Para ter a oportunidade
De descobrir tudo
De ser do mundo
Para não ter medo de ser
Os olhinhos do futuro.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tratado de dois mortais ante a imortalidade

Tratado de dois mortais ante a imortalidade
Sentar
E falar com os olhos
E dizer com as mãos
E amar com o corpo todo
E ser tão
Tão vivo e intenso
Pensamentos em comunhão
Para que o tempo aqui
Não seja momento
Seja imensidão!


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Do vaso de flor que o meu irmão entregou

Do vaso de flor que o meu irmão entregou
A felicidade é borboleta
Que cintila e voa
Alegre e bonita
E a gente fita
Com olhos de admiração

Para o meu irmão
Felicidade tem nome e carta
Chama-se Lighia
E a gente acredita
Que amar
Amar e só
É a melhor medicação...

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Viver

Viver
Amar a vida
E ser tanto
E descobrir que nada é pouco
Que sempre tem a hora
O momento exato para acontecer
E transpirar encantos
Conhecer os cantos
Do mundo imenso
Que há dentro de você
Sei lá!
Acho que isso é viver

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Logo que o Sol raiar

Logo que o Sol raiar
Ter a feminilidade
A docilidade de Miriam Makeba
E deixar sobre a mesa
Os dizeres de Sêneca
E rasgar as penas da desilusão
Com o sorriso da Poliana
E vestir o pijama
Do pequeno príncipe de Exupéry
E sorrir
Logo que o Sol raiar
Porque amanhã é 16
Amanhã é o aniversário do Rafa!

Seresta moderna

Seresta moderna
Troco todos os dias
Por mais alguns minutos com você
Meu LP dos tempos modernos
Meu melhor CD

Troco de roupa no frio intenso
E gracejo para o vento
Que insiste em me lembrar
Que sem você sou brasa morta
Fogueira que não quer queimar
Minha carta dos tempos modernos
E-mail que acabou de chegar...

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Simplicidade

Simplicidade
Andar descalço
Com pés sujos de lama
Sem culpa
Sem pedir desculpas
Porque errou
Em uma busca
Por caminhos que ninguém nunca andou
Onde o tempo é quem educa
Não sendo necessário estar calçado
Para ser doutor...

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Paleta de tintas

Paleta de tintas
É de um azul que cintila
De um vermelho que brilha
De um rosa furta-cor
É de uma caixa de sonhos e desejos
Qual é a tinta que eu uso?
Eu pinto com amor!

Eu e tantos outros - Contos e poesias

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Pisando nos formigueiros

Pisando nos formigueiros
para a minha mãe, que sempre me deixou andar descalço.
Vamos combinar, viver é algo extraordinário. Falo isso porque às vezes me voltam coisas na memória que me fazem pegar o papel (o primeiro que eu encontrar), sentar e escrever. Escrever sobre viver, sobre a vida, sobre essa coisa maluca de ser. Ser o que, eu não sei... Mas ser já está de bom tamanho. E as folhas se tornam meio que um diário de folhas soltas e esparramadas. Meu diário sem capa.
E das muitas coisas que voltam a minha memória, muitas delas são lembranças da minha infância. E nem sei o porquê disso ocorrer, o porquê de tantas lembranças desta fase da minha vida. Até porque, se formos colocar em uma linha do tempo, a infância é tão pequena que chega a ser momento. Mas é sublime, é lindo... É descobrimento.
E uma das coisas que lembro me é de como queria ser outros seres. Pássaro, gato, formiga. Nossa, já quis ser formiga! Daquelas pequeninas, que parecem carregar o mundo nas costas. Que tropeçam nas reentrâncias dos nossos dedos e procuram a porta... Daquelas que a gente só vê se estiver com o olho atento, procurando algo, não necessariamente a formiga. E a gente olha para os nossos pés, bem embaixo da nossa sombra, e grita: “olha gente, VIDA!”.
Dos formigueiros que desbravei com aqueles capins-cabelo, daqueles que quando a gente puxa parece sair o formigueiro inteiro, uma coisa sempre me fascinou, me deixou tentando procurar resposta. Aviso, não me julgue idiota. Eu me maravilho com determinadas coisas mesmo. E acho que elas guardam certo tipo de segredo que a gente só descobre depois que morre, quando senta para perguntar para Deus. Perguntava-me quantas vezes as formigas reconstruiriam o formigueiro que o meu pé desatento fez questão de pisar. Quantas vezes elas iriam sair, e sem demora, recomeçar? Pedra sobre pedra, no exercício poético de que amanhã outro pé, não necessariamente o do Pedro, vai pisar. E daí, o que resta? Colocar tudo de volta no lugar.
E eu ficava pensando que aquele seria o exercício que legitimaria a vida, que torna a formiga, formiga. Ela não pensa se amanhã haverá outro pé igual ao meu sobre o seu formigueiro. Por isso ela faz para ser perfeito, para durar, ficar inteiro. E assim, utilizando talvez a filosofia da formiga, devêssemos enxergar os nossos dias. Reconstrução, seja das coisas que caíram, seja daquelas que pisamos ou pisaram em cima. E não é uma questão de rima, mas a vida carrega essa obra-prima: a possibilidade de refazer e fazer de novo.
Por isso, e talvez só por isso, viver seja tanto, apesar de aproveitarmos tão pouco. É o estender a mão, abraçar o outro, demonstrar gratidão, perdão, descobrir-se ainda não estar pronto. E pronto tentar refazer. Eu quero um dia nascer formiga. Assim, saberei das coisas que os gigantes, que porventura pisarem na minha casa, adoram fazer.

O exercício de ser

O exercício de ser
Primeiro, a gente se ama. E só depois, consegue amar o outro!
Quando eu crescer
Com os versos que escrevo
E aprender a ser
Os cadernos que tenho
Saberei então dizer
O que eu desejo
E aprenderei a renascer
Sem medo!

Quando eu escrever
Coisas que não consigo
E guardar comigo
As palavras que eu digo
Então deixarei de ser
Um rabisco ou travessão
Sendo a minha melhor
E talvez única
Criação!
Serei eu,
então!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Outubros

Outubros
Então eu descubro
Que outubro chegou
Seja porque Manoel me faz lembrar
Que o rio logo dá peixe
Que logo, logo dá para pescar
Seja porque agora
Mês vai na casa da dezena
Seja porque o sabiá
Já se pôs a cantar.  

E, assim logo chega
O tempo de gastar mais tempo
Sentado comigo
Na beira d’água
Junto com os amigos
Sob um azul céu
E logo celebrar
O aniversário do Rafael

E vira tempo
De coisa farta
De muitas frutas e verde vida
Tempo de jardineiros com asas
Tempo de existências coloridas

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Receita boa!

Receita boa!
Um sentimento fraternal
Viver na sorte
De ser areia e sal
No oceano de sonhos e sorrisos
E ter tantos amigos
Que não falte espaço para navegar

Ser vento
Carregando sonhos e sorrisos
E ser tão unido
Que não falte espaço para apertar
Viver sublime
Sem tempo para reclamar! 


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Obra-prima!

Obra-prima!
Convide-me para escutar
Sobre o livro que você acabou de ler
Sobre as coisas que você quis planejar
E diga!
Como eu posso ajudar você
Meu raio de vida
Verso e rima
Obra-prima!

Convide-me para cantar
As músicas que eu nem imaginava existir
Para trabalhar na secretaria
Para sorrir
Meu infinito de amor
Minha maior alegria
Meu raio de esperança
Obra-prima!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Um hoje amanhã

Um hoje amanhã...
De um passo que eu não dei
De um disco que eu não escutei
Do fruto que eu não provei
Do nada para o tudo
Nem sei!

De um final de semana sem Sol
De um planeta sem habitante
Do mundo, um instante!
Do tudo para o nada
Nem sei!

Uma indagação
O silêncio de muitas mãos
O futuro desfila distante
Viver é contradição...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Desconforto...

Desconforto...
É uma época de desacertos
De pouco aceno
E uma porção de destemperos
Somos muito mais azulejo
Do que travesseiro
Conjugamos na primeira pessoa
E desfilamos a nossa dor

É um confuso quadro abstrato
Pintura de um mundo bem real
A gente paga o analista
Mas não tem trinta segundos
E acha tudo tão normal
Somos mais lágrimas do que beijos
Clausuras
Ansiando o próximo Carnaval... 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Ser Rafael

Ser Rafael
Papai do Céu
Chamo-Te para me ajudar
Quero ser também Rafael
E Rafael também poder chamar
E dar abraços
Que só o Rafa
Consegue dar
E cantar músicas
Que ninguém
Consegue lembrar
E agradecer qualquer prato
Que a minha mãe acabou de preparar...

Amor

Amor
Para a minha mãe, que me ensina que amar é curar qualquer enfermidade...
Verbo imediato
Ação conjunta
Comer do mesmo prato
Dividir a mesma pergunta

Ser sujeito pluralizado
Manual de receitas e consultas
Lista telefônica da existência
Endereço da consciência

Amor
Complemento nominal
Do mar o sal
A mais divina das experiências...


Entre chegar e partir

Entre chegar e partir
É afago
Mas poderia ser amor
Soa despreparo
Mas é também suor
Viver é presente-passado
Iniciar
Sem ao menos perceber
Que já acabou

É reza
Mas poderia ser divagação
Soa descaso
Mas é pura contemplação
Viver é presente desembrulhado
Aproveitar
Sem ao menos perceber
Que o tempo nos embrulhou
...
E acabou

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Interruptor

Interruptor
Escrevendo nas nuvens
Com os olhos voltados para o papel
Ecoando no silêncio das vozes
A descansar nos quartos de hotel
Alguém deixou a luz acesa

Escrevendo com o aguilhão do grafite
No incômodo de ser e pensar
Amassando a consciência grafitada
Existir é rabiscar
Eu apago a luz dessa vez

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Faelterapia

Faelterapia...
Há borboletas nos telhados
Nas casas e nos carros
Borboletas com tantas cores
Que eu nem sei

Há flores em todos os viadutos
E begônias nos muros
Ipês de todas as cores
Você consegue ver?

São essas palavras
Miúdas e intensas
Amar é plantar
E deixar o tempo colher
As nossas mãos são adubos
Compartilhar é viver...

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Rafa

Rafa
Semente nata
E nasce um mundo bom
A minha angústia é que ingrata
Eu quero tanto a sua mão

Cometas e estradas
A mãe já vai voltar
A minha tristeza é que babaca
Você me ensinou a amar

Eu sou bravata
Diante da sua capacidade de abraçar
A minha frase é incompleta
Se você não falar...

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Laço

Laço
Nem que eu passe
O tempo todo sem dizer
Mesmo que soe desenlace
Que você ache que não é para ser
Eu não esqueço
Não me esqueço de escrever
O seu nome em meu caderno
E o quanto eu me enlaço em você
Meu pedaço do eterno
Minha vontade de não crescer
Meu amigo mais sincero
Possibilidade que me fez nascer...