quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Entre a mente e o coração

Entre a mente e o coração
Vou escrever para mim
Um texto desse tamanhão
Para que caibam todas as palavras
Que andam escorregando pelas minhas mãos

"Doutor, vou confessar o que ando fazendo
Boicotando a medicação!
Chega dessa química complicada
Preciso mesmo é simplificar a equação"

Passam as tardes retintas
Nada de ser calatrão
Mente rameira minha
Escrever é divagação

"Camila, conceda-me mais vinte minutos
A terapia não permite não!
Norma por mim instituída
Sou eterna interrogação"

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Fármacos letrados

Fármacos letrados
Padeço de uma doença
Não queria que fosse assim
Talvez você nem perceba
Mas tenho excesso de mim

Alguém que não cabe nos dias
Que se extravasa em poesia
Cheira à heresia
Excêntrica patologia

De tratamento desconhecido
Escrever é comprimido
Levando às reticências...

Padeço de uma doença


quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Na casa da Sunta

Na casa da Sunta
Não cabe pergunta
Que avó não saiba responder
Mesmo que ela invente a coisa toda
Afinal, inventar é viver

Eu também sou inventeiro
Não inventor!
Porque eu cozinho o que a minha cabeça inventa
Para que a coisa fique retinta
Com um toque de pimenta
Com pétalas de flor

Depois, amostro pra Sunta
Vovó-menina
Que foi adoçar lá mais adiante
Num distante
Em um instante,
haverei de chegar

E será, então,
de novo a casa da Sunta
Casa de brincar
Casa da pergunta
Que não encontra uma só resposta
Que a gente insiste em visitar...

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Lápis-Juliana

Lápis-Juliana
Espaço caminha
Um gole de vinho
Ninguém sabe ainda
Mas me sinto tão sozinho
Quando você não está aqui
E isso
É saber resistir

Espaço da linha
Certeza indagação
Ninguém imagina ainda
Mas eu sou lápis na sua mão
Quando você escrever a rima
Apresentar-me-ei como refrão