Hora
apropriada para desenhos e cochilos
- Que alarido é esse? Um chiado que não
passa e incomoda. Moda fora de contexto, onde não há um sujeito, uma série de
verbos ocultos e divagações fora de hora. Que alarido é esse? O parágrafo
passado repetido na frase presente. Quanta confusão. Está me atacando uma dor
de dente.
- Levante a sua cabeça. Tem gente que gosta.
Fazer o quê? Eu mesmo estou confuso, não compreendo. Nem sei o que dizer. Será
que tem alguém que possa me explicar ou ficarei com essa cara de “o quê”? “Por
quê?”
- Ninguém está disposto a escutar. E escutar
é princípio básico para entender. Imagine a confusão que irá se formar... Eu
mesmo estou com medo de me perder.
- Vai estar disponível, vai estar. É só você
ir lá, pegar e reler. Agora por que está voz embargada? Tem alguma coisa que
você quer me dizer?
- É esse alarido, essa algazarra. Um chiado
que faz a cabeça doer. São tantas demagogias e bravatas. O estômago chega a se
contorcer. Sabe o que é isso? Você vai dar risada, mas eu vou dizer. É cabeça
que pensa que pode ser...
- Ser o quê?
- Maior do que o próprio texto, senhora de
todo o contexto, quando na verdade é planta que não germina, casa sem endereço.
- É, é complicado mesmo. Mas isso é a vida.
Um texto confuso, cheio de pleonasmos, aliterações, hipérboles, ir e
retroceder. A podridão do que está fresco, um cheiro azedo, um ranço que não
quer recrudescer. O lado de fora é meu endereço. Deixo o alarido aqui. E só
assim eu consigo respirar. Consigo sobreviver.