Logo
adiante
- Na próxima curva, pai! É lá que tem peixe.
E o
cheiro da grama verde, exalado pelo pisar dos nossos passos. Não há cadarços e
a linha não vai dar nó. Seu Dito traz novidades do pasto e do bezerro que quer
nascer. E eu olho os teus braços e me pergunto por que não pescamos mais vezes,
tantas vezes nós queiramos. E o ribeirão corre silencioso. E o tempo nos faz
crer. Os desatinos e desafios... O que irá acontecer?
- Ainda hoje vai chover.
E a fogueira que eu fiz com o Enzo, juntando
gravetos e papel velho. E o fósforo riscado e apagado pelo vento. E o calor que
conforta. Faz frio, mas não é inverno.
- Não, filho. O peixe está aqui. Na água
corrente.
E lá na frente irei pescar com mais alguém.
E o tempo irá perguntar quantas linhas nós amarramos entre nós. E então
recomeçamos a lembrar do peixe que escapou. E, em um jogral de metáforas,
lembramos que a linha uniu o que o mundo dos adultos separou. Aqui, onde eu
moro, não tem rio que dê peixe, nem na curva e nem na água corrente. Por isso,
quando eu volto, faço a vara, desço o morro, mesmo que eu não pesque nada, já
me sinto tão contente.
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