quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Conclusões


Conclusões
Algumas coisas são o que são. E estão no mundo antes da gente nascer. É que a gente só começa a enxergar o mundo depois que a gente começa a entender, a enxergar o reflexo no espelho e ver o fundo. Quando a gente começa a perceber que é gente. Mas há coisas, tantas, que já estão no mundo antes mesmo da gente ser. Estão, e por mais que queiramos, fogem a nossa compreensão, nos restando apenas aceitar, quiçá entender.
Então você se pergunta por que a reza precisa ser o barulho reverberado na entrada do túnel, atravessando a estação? Por que a dor ganha o pélago profundo quando está em nós e não mais apenas no outro? E por que há canetas que escrevem sentenças e outras poemas? Há coisas muito além dos anos que passamos aqui, e que nossos avós e os pais deles viram e quiseram nos contar. E há coisas que eles viram e não contaram, e nem por isso deixam de estar. As narrativas parecem centelhas do tempo na existência cíclica da vida. O tempo como o chiado neste silêncio-planeta, onde desfilamos nossas canetas em folhas já há tanto rascunhadas e preenchidas. E não há borrachas que consigam apagar as mãos e pés de tantas letras que desfilaram alegrias, sonhos, frustrações e tristezas. São coisas que já estão no mundo, não importando a nossa presença. Estão como pano de fundo, não importa o que aconteça. E as vírgulas escancaram incertezas. E eu me sento e escrevo coisas que estalam na minha cabeça. E penso: há coisas que são o que são. Pronto. E nada faz com que o tempo esqueça. 

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