Conclusões
Algumas coisas são o que são. E estão no
mundo antes da gente nascer. É que a gente só começa a enxergar o mundo depois
que a gente começa a entender, a enxergar o reflexo no espelho e ver o fundo. Quando
a gente começa a perceber que é gente. Mas há coisas, tantas, que já estão no
mundo antes mesmo da gente ser. Estão, e por mais que queiramos, fogem a nossa
compreensão, nos restando apenas aceitar, quiçá entender.
Então você se pergunta por que a reza precisa
ser o barulho reverberado na entrada do túnel, atravessando a estação? Por que
a dor ganha o pélago profundo quando está em nós e não mais apenas no outro? E por
que há canetas que escrevem sentenças e outras poemas? Há coisas muito além dos
anos que passamos aqui, e que nossos avós e os pais deles viram e quiseram nos contar.
E há coisas que eles viram e não contaram, e nem por isso deixam de estar. As
narrativas parecem centelhas do tempo na existência cíclica da vida. O tempo
como o chiado neste silêncio-planeta, onde desfilamos nossas canetas em folhas
já há tanto rascunhadas e preenchidas. E não há borrachas que consigam apagar
as mãos e pés de tantas letras que desfilaram alegrias, sonhos, frustrações e
tristezas. São coisas que já estão no mundo, não importando a nossa presença. Estão
como pano de fundo, não importa o que aconteça. E as vírgulas escancaram
incertezas. E eu me sento e escrevo coisas que estalam na minha cabeça. E penso:
há coisas que são o que são. Pronto. E nada faz com que o tempo esqueça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário