No
aeroporto
Fael, haverá um dia em que saberei
escrever as minhas melhores aventuras com você!
Então, publicarei um livro.
A bola está murcha. Quem vai encher dessa
vez? É como se não tivesse mais ninguém na rua. É como se fosse a última, mesmo
sendo a primeira vez. Olhe, não quero ver você assim. Sorria, sorria para mim.
Meus braços estão aqui. Dê-me um abraço antes de partir. Feche esse livro, me
conte do seu novo trabalho. Sou o seu amigo. E sei que algo está errado.
Não quero
falar. É meu e de mais ninguém. É franco, sem simulações. Ficou difícil
esconder de alguém. Quero uma turma de amigos, uma companheira para namorar.
Quero sair também dos trilhos. Ser jovem antes de me cansar.
É claro que tudo será resolvido. Logo, logo.
Você verá. Os temporais terminam, alvoradas irão chegar. Troque de lugar
comigo. Eu quero dividir o seu mal estar.
É
impossível. Está comigo. E tem coisas que nem a mãe da gente consegue
solucionar.
Então, abra um sorriso. Logo, logo o avião
vai decolar. Vamos encher a bola juntos. Vamos jogar.
Não quero.
Prefiro ficar mudo. O silêncio e a consciência são irmãos do desconforto da
alma?
Não mastiga a sua culpa. Se é que ela
existe, vamos compartilhar.
Melhor
partir para outra pergunta. Os meus olhos estão mais envelhecidos. A última
foto só fez revelar.
Hoje eu chorei de culpa. Como eu posso te
ajudar? Troca de lugar comigo. Eu quero aprender a andar com as suas pernas. E
tropeçarei nas minhas desculpas, nesse orgulho que eu adoro carregar. E depois
que tudo ficar água limpa, saberei como te ajudar.
Tchau,
agora eu vou viajar.