quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Carta para os meus pais

Carta para os meus pais
Cada um de nós é o resultado da união. De duas mãos coladas numa mesma oração! Coisas do coração!
(Coisas do Coração – Cláudio Roberto, Kika Seixas e Raul Seixas)
No silêncio da independência, iluminada pelo candelabro do tempo, está lá, no cheiro inconstante das ruas e calçadas que atravesso, dentro dos versos que escrevo e das coisas que penso e projeto. Dentro do ritmo frenético dos meus dias, da amplitude das possibilidades de uma manhã. Mesmo no descortinar das asas dos pássaros e aviões, dos fins, sem meios e inícios. Dos começos sem término. Está lá, vivo, presente, em mim.
Então tudo começa com uma coleção de perguntas, como a sensação de que algo caiu e talvez não dê mais para alcançar. Que o sapato que foi dado a mim não vai mais servir, que não irá mais  no meu pé entrar. Crescer é aperto, devaneio que demora a passar. Perfume que deixa cheiro, vontade mesmo é de chorar. Pequeno-receio. Grande? Angústia…
Então me pergunto, na dúbia proposta de ser mais e além, buscando talvez respostas de coisas que ainda não sei, que só mesmo os pais da gente conseguem consertar, contestar, fazer diferente. E de repente, sem mais motivo e explicação, a gente sente que a nossa parte é sentar e ouvir com olhos, bocas, mãos… Ouvidos. Somos a possibilidade, diante das incredulidades que nos cercam. Somos a concretização de um projeto a dois, das coisas que não tinham até então forma diante das muitas formas da vida. Somos o resultado da mais saborosa das canções. Somos a continuidade.

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