Sem trancas ou fechaduras
Começo a sarar quando escrevo. Mesmo que eu não tenha papéis, os verbos dão conta dos meus medos. E segredos. E, se antes eu trancava a porta do quarto, hoje não escapo de destrancar as agruras no papel.
Sou hoje alforriado. Centavos e favores não me prendem mais. Os meus queridos são queridos mesmo. Porque há que se respirar amor para transcender o que é dos mortais. A dor, a descrença. O desejo de não ser. A vontade de desistir. Não me repreenda pelos meus queridos. Não me repreenda por querer existir.
Esse sou eu. Agora, o dedo em riste não resiste. Sou muito maior do que sua mão. Não traio, não escondo meus medos. A porta está aberta, então.
E recorro, tão logo eu corro para ter meus versos e verbos. E reverbero, usando das minhas colocações... Escrever é libertário.
Agora... Me rasgue. E jogue ao chão!
Não presto mais.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
sábado, 17 de dezembro de 2016
Dezembros e janeiros
Dezembros e janeiros
No
amanhã que se anuncia
Seria
mais passarinho
Talvez
mais poesia
Vivendo
em uma espécie de travessia
Dezembros
e janeiros
Sou
mais travesseiro
Na
semana que se inicia
Serei
mais asas abertas
Pronto
para novas descobertas
Seria
mais sofá e coberta
Café
em qualquer hora que eu acordar
Serei
mais fotografar
Sou
assim mesmo
E
quem não o é?
Para
que depois eu seja
Todos
E
quem mais houver...sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
Entre a onda e a areia
Entre a onda e a areia
Fiz
um juramento
Ser
passarinho e voar
Voar,
mesmo que por um momento
E
amar
Fiz
um juramento
Ser
pequenino e me agigantar
Agigantar,
mesmo que um tiquinho
E
amar
Fale comigo
O
que você quer jurar?
Se
não houver juras
Sente
aqui
Entre
a onda e a areia
Há
tanto mar...
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Clarão
Clarão
Verás
no meu silêncio
A
forma mais manifesta de oração
Na
cartela, outrora cheia
Os
efeitos da medicação
Verás,
como
se de um olho precisasse a alma,
meu
corpo em ebulição
Para
dar forma à poesia
Onde,
nos escombros que levas nos ombros
Entendesse
minha alegria
Minha
contradição
Verás,
mesmo
que não queira
O
porquê sou dado a esses extremos
Como
se viver fosse pequeno
Retrato
só e de só nós dois
Verás,
não há segredo
E mesmo
que não queira
Verás!
No clarão
das incertezas
Como
se pra ver
Só
tivéssemos as sobrancelhas
Os
olhos, não!
Que
a tristeza é companheira
O
limiar da criação
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Mundo-Dudu
Mundo Dudu
Cabeças-parede
Cada
qual pendura a sua rede
E
eu,
nos
seus braços
Sinto
sede
Você
me faz tão feliz
Braços-edifício
Viver
é risco
E
eu,
nos
seus beijos
Sinto
que existo
Você
bem que poderia ser um país
Mãos-colchão
Cada
qual tem a sua imensidão
E
eu,
tão
porção
Sinto-me
todo
A
sua imensidão quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Minhas asas
Minhas asas
Não
nasci passarinho
Não
virei gavião
Por
isso,
tomo
as palavras como penas
Asas-refrão
Dos
infortúnios que nos acometem
Diante
da tal mortalidade
Um
deles
Minha
alma recebe
Como
se fosse a maior das divindades
Voarei
quando não mais
Colocar
os pés no chão
Daí,
renascerei passarinho
Talvez
gavião!segunda-feira, 7 de novembro de 2016
Avó é...
Avó é...
Avó é como nau. É como porto onde
o barco encosta. E não tem resposta. É bom e acabou. É a melhor receita, a
melhor proposta, uma das muitas definições do que é amor.
Avó é como calçado que
esquenta e protege os nossos pés. Da casa, é o telhado, da reza, a fé. É um
baile com tantas melodias, que não tem hora para acabar. É o gosto das coisas
da vida, é o barulho das ondas do mar.
Avó é disco que a gente
escuta, volta a faixa e escuta outra vez. Avó é mãe duas vezes, multiplicando o
que já é bom. Avó é cartão-postal, carta que a gente lê, relê, não quer parar.
Avó é feita do cheiro do macarrão, do tempero da salada, do suco, e da
sobremesa que ela adora preparar. Avó é Assumpta, Virgínia, Maria, Bete, Zezé…
Avó é! É!
terça-feira, 11 de outubro de 2016
Dias com a Juliana
Dias com a Juliana
O
sentimento é manifestação sublime
Que
a folha expressa
Em
forma de poesia
Bailarina,
certame
O
embate entre a ideia e a rima
Eu
nasci plural, menino
Calça
suja
Pijama!
E fiz
da folha, curtume
Ideia
insana!
O
sentimento é manifestação sublime
Só
sabe quem ama
Eu
sei!
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
P.H.M.R.
P.H.M.R.
Minha
garganta é poesia
Os
versos são meus dias
Moro
nos livros que sou
Tão
mais literário do que o lápis e a caneta
Sou
idiossincrasia
Sou!
Minhas
mãos são letras cursivas
E as
meninas dos meus olhos as rimas
Morro
nos refrãos que sou
Tão
mais literário do que a saudade e o poeta
Sou
metonímia
Sou
E
que não me faltem os vocábulos
Caso
contrário, viverei de onomatopeias
Dê-me
um chão papel
Que
eu escavo
Ironia
é não se achar nada
e morrer com a própria ideia
Tão
mais literário que o seu sorriso
Sou
hipérbole desregrada
Eu
era!quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Pedaço-Todo de mim
Pedaço-Todo
de mim
Logo chega outubro. E fará um ano que você partiu. E o
silêncio de uma das casas da rua de todos nós nos dá a certeza de que você
existiu. Minha vovó!
Faz alguns dias que eu sonhei com você. E eu nem me
lembro bem. Mas era algo de grandioso. Como a vida o é! Vida essa que toca as
baladas de um tempo que não recua. Só se adianta. E faz a saudade se agigantar.
Não me tome como um incômodo. Eu só queria te visitar. Mais uma vez!
E sentar ao seu lado. E pegar na sua mão. E dar aqueles
beijos molhados, ver a senhora sorrir. E comer do seu lanche. Se esbaldar com o
seu macarrão. E, mesmo que por um instante, driblar o destino, abusar da
decisão. Decisão que não é nossa, mas que nos acompanha.
Hoje, vó, eu
passei a tarde de pijama. Que a minha esposa não me escute, mas vou fazer isso
outras vezes. Porque assim eu vou me lembrar da meninice que se veste nos dias
de rancho, na beira do rio. Descendo pelo barranco. Sendo você!
Hoje eu me sentei diante de tudo que me faz ser e
continuar. E fiquei com uma baita vontade de ir até a janela e gritar:
"SUUUUUUUUUUUUUUUNTA". Assim, quem sabe você me escuta enquanto eu
desenho e invento no silêncio meu e da Carlota?
Logo mais eu me ajeito. Logo mais vou me ajeitar. Hoje o
lenço é o travesseiro. Hoje eu só quero te abraçar...
Cada pedaço de mim é alguém que eu amo muito! Você
consegue me escutar?
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
É menino
É menino
Nasci
menino
Apesar
de querer ser gavião
"Mãe,
se a gente morrer nasce pássaro?"
E
ela disse que não
Nasci
pequenino
E
pequeno permaneço diante da imensidão
Nesse
palco de bailarinos
Me
vejo sapatilha no chão
Nasci
meu pai
Minha
mãe
Meus
irmãos!
Nasci
sorrindo...
Sorrir
é divino
Nascer
é descortinar a amplidão
Sabiá destemperado
Sabiá destemperado
Canta
antes da primavera chegar
Passarinho
assanhado, seu moço
Nunca
vi gostar tanto de namorar
Eu,
que vivo aturdido,
Pelos
mesmos sons e dilemas
Desanuvio,
meu amigo
Ao
lhe ouvir cantar
Declamando
o seu poema
Desde
os tempos mais antigos
Na
mata, na serra
E no
capão
Sabiá
é o passarinho
Que
convence o inverno a abrir caminho
Trazendo
a primavera
E
com ela
O verão...
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Constância
Constância
A
esperança no amanhã
Anda
a alumiar o que é de hoje
Meninos
e meninas na ponte
Na
passagem do tempo terçã
Os
devaneios naufragam
E
deságuam em um vertedouro em mim
Aos
tilintares de querubins
Eles
simplesmente deságuam
E são
assim
A
esperança é a constância
De
que os sonhos não podem ter fim...
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