segunda-feira, 6 de abril de 2015

Pagotto Malos(s)o Villioti Ramos

Pagotto Malos(s)o Villioti Ramos
O tempo nos faz seco
Papéis carbonizados
A se despedaçar pelos cliques do relógio
Em um compasso desajeito
Quiçá indelicado

Nos leva quem chegou hoje, antes ou depois
E nos distancia por caminhos e vielas
Faz a vida ficar magrela
Se não tiver a mão a enroscar na nossa
O dedo de prosa a desatar fivelas

O tempo faz troça
E faz a gente querer voltar a se sujar
Sem culpa
Sem pedir desculpas
E mostra que não está para retrucar
Faz o que deve ser feito
E disso se satisfaz

Eu tenho medo
Não vou mentir
Não das rugas e nem das verrugas
Mas de não perceber
Que eu preciso ter o tempo

Para me sentar
Que seja todas as tardes
E escrever
Sobre as pessoas na minha vida
As coisas que vejo da janela
O abraço do amigo
A arte de preencher panelas

Encontrar o tempo
Para me molhar de amor
Regar de esperança os meus olhos
Ser mais simplório
Talvez menos incapaz
E dizer
Olhando, no fundo dos seus olhos!
Que existem imensidões maiores que a do tempo
Gigantes universais

A esses
Nem mesmo o tempo será capaz de apagar
Nem mesmo ele!
Nem que se faça vento
Nem que seja tempo demais
Esses gigantes
Que o homem aprendeu a chamar de pais

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