terça-feira, 29 de abril de 2014

Morada do poeta

Morada do poeta
Eu fiz a minha casinha num sopé
Na barranca do rio
E veio o barqueiro
Levou
E deixou um vazio
Fez moda
Tocou e disse que era dele
E que caboclo nenhum
Pode reclamar
Porque as palavras são como peixinhos
E a gente é a corredeira
Que segue o rumo
E só faz recitar

Então me fiz de rogado
Guardei a vara e o puçá
Mas quem escreve
Encharca os pés no alagado
Nada em rios bravios e calmos
Vive a reconstruir
Muitas casinhas na barranca
Nas curvas de um rio
Nas muitas corredeiras
E percebe que difícil mesmo
É padecer vazio... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário